26 de set. de 2011

Crase

A CRASE
O termo crase significa fusão, junção. Em português, a crase é o nome que se dá à contração da preposição "a" com:
  • artigo feminino "a" ou "as".
  • o "a" dos pronomes "aquele"(s), "aquela"(s), "aquilo", "aqueloutro"(s) e "aqueloutra" (s).
  • o "a" do pronome relativo "a qual" e "as quais"
  • o "a" do pronome demonstrativo "a" ou "as".
Observação geral de Crase: Sempre haverá crase quando a oração se refere a alguém ou a alguma coisa.
O sinal que indica a fusão, que indica ter havido crase de dois aa é o acento grave.
  • Acentua-se a preposição a quando, substituindo-se a palavra feminina por uma masculina, o a torna-se ao.
  • As palavras terra e casa são casos especiais de crase. A preposição "a" antes da palavra casa (lar) só recebe o acento grave quando vier acompanhada de um modificador, caso contrário não ocorre a crase. Já com a palavra terra (chão firme, oposto de bordo) só ocorre crase quando vier acompanhada de um modificador - da mesma maneira que existe a expressão "a bordo", enquanto que com a palavra terra (terra natal ou planeta) sempre ocorre crase.
Exemplos:
Chegamos cedo a casa (coloquialmente, "em casa").
Chegamos cedo à casa de meu pai.
Os jangadeiros voltaram a terra.
Os jangadeiros chegaram à terra procurada.
Ele voltou à terra dos avós.
  • O pronome aquele (e variações) e também aquilo e aqueloutro (e variações) podem receber acento grave no a inicial, desde que haja um verbo ou um nome relativo que peça a preposição a.
  • A contração "à" pode surgir também com a elipse de expressões como "à moda (de)", "à maneira (de)", como em "arroz à grega" (à maneira grega), "filé à Chatô" (à moda de Chatô)", etc. É este o único caso em que "à" se pode usar antes de um nome masculino.
Regras de verificação
Para saber se a crase é aplicável, ou seja, se deve ser usada a contração à (com acento grave) em vez da preposição a (sem acento), aplique-se uma das regras de verificação:
1) substitui-se a preposição a por outra preposição, como em ou para; se, com a substituição, o artigo definido a permanecer, então a crase é aplicável. Exemplos:
Pedro viajou à Região Nordeste: com crase, porque equivale a Pedro viajou para a Região Nordeste
O autor dedicou o livro a sua esposa; sem crase em português do Brasil, porque equivale a O autor dedicou o livro para sua esposa; mas com crase em português de Portugal,O autor dedicou o livro para a sua esposa.
2) troca-se o complemento nominal, após "a", de um substantivo feminino para um substantivo masculino; se, com a troca, for necessário o uso da combinação ao, então a crase é aplicável. Exemplos:
Prestou relevantes serviços à comunidade; com crase, porque ao se trocar o complemento - Prestou relevantes serviços ao povo - aparece a combinação ao.
Chegarei daqui a uma hora; sem crase, porque ao se trocar o complemento - Chegarei daqui a um minuto - não aparece a combinação ao.
Importante: A crase não ocorre: antes de palavras masculinas; antes de verbos, de pronomes pessoais, de nomes de cidade que não utilizam o artigo feminino, da palavra casa quando tem significado do próprio lar, da palavra terra quando tem sentido de solo e de expressões com palavras repetidas (dia a dia).

Crase facultativa

A crase é facultativa nos seguintes casos:
  • Antes de nome próprio feminino:
Refiro-me à (a) Fernanda.
  • Antes de pronome possessivo feminino:
Dirija-se à (a) sua fazenda.
  • Depois da preposição até:
Dirija-se até à (a) porta.

Casos Proibidos

O uso da crase é proibido:
  • Antes do emprego de verbos:
Preços a combinar.
  • Antes de substantivos masculinos:
Passear a Cavalo
  • Antes de numerais:
De 100 a 1.000
Encontramos o produto numa faixa de preço que vai de R$120,00 a R$ 150,00.
  • Antes de plural sem o emprego do artigo definido as:
a brilhantes cientistas
a problemas
  • Após o uso de preposições:
Antes a descoberta o cientista gritou.
Após a voz de prisão o bandido entregou os comparsas.
Contra a ação do governo, João realizou um protesto.
  • Antes de pronomes indefinidos, pessoais, relativos ou demonstrativos (com exceção da terceira pessoa):
Entregue o relatório a ela. (Pessoal)
Dei nota zero a esta aluna. (Demonstrativo)
Permiti apenas a uma mulher conhecer-me. (Indefinido)
Jamais dei dinheiro a ninguém. (Relativos)
Atenção (Pronomes demonstrativos de 3ª pessoa, aquele, aquela, aqueles, aquelas podem levar crase):
Entreguei as chaves àquela mulher. (Demonstrativo)
  • Entre substantivos idênticos:
Menino, vais tomar essa sopa gota a gota!
Vamos nos encontrar cara a cara.
  • A exceção de:
É preciso declarar guerra à guerra!
É preciso dar mais vida à vida!
  • Antes de topônimos de cidades que não admitem a:
Vou a Salvador.
Vou a Lisboa.
Vou a Madri.
Obs.: Substituir por: "Estou na" ou "Vim da" (vai crase) - "Estou em" ou "Vim de" (não vai crase). Ex: Vou a Brasília. - Estou em Brasília. Vim de Brasília. (não vai crase), Estou na Brasília. Vim da Brasília. (não concorda). Ex: Vou a Bahia. - Estou em Bahia. Vim de Bahia. (não vai crase), Estou na Bahia. Vim da Bahia. (concorda e vai crase então).



Conceito: é a fusão de duas vogais da mesma natureza. No português assinalamos a crase com o acento grave (`). Observe:
 Obedecemos ao regulamento.
                  ( a + o )
Não há crase, pois o encontro ocorreu entre duas vogais diferentes. Mas:
 Obedecemos à norma.
                ( a + a )
crase, pois temos a união de duas vogais iguais ( a + a = à )

Regra Geral:
Haverá crase sempre que:
I.                   o termo antecedente exija a preposição a;
II.                 o termo consequente aceite o artigo a.

Fui à cidade.
( a + a = preposição + artigo )
( substantivo feminino )

Conheço a cidade.
( verbo transitivo direto – não exige preposição )
( artigo )
( substantivo feminino )

Vou a Brasília.
( verbo que exige preposição a )
( preposição )
( palavra que não aceita artigo )

Observação:
Para saber se uma palavra aceita ou não o artigo, basta usar o seguinte artifício:
I.                   se pudermos empregar a combinação da antes da palavra, é sinal de que ela aceita o artigo
II.                se pudermos empregar apenas a preposição de, é sinal de que não aceita.

Ex.:      Vim da Bahia. (aceita)
         Vim de Brasília (não aceita)
         Vim da Itália. (aceita)
         Vim de Roma. (não aceita)

Nunca ocorre crase:

1) Antes de masculino.
Caminhava a passo lento.
           (preposição)

2) Antes de verbo.
Estou disposto a falar.
                  (preposição)

3) Antes de pronomes em geral.
Eu me referi a esta menina.
(preposição e pronome demonstrativo)

Eu falei a ela.
(preposição e pronome pessoal)

4) Antes de pronomes de tratamento.
Dirijo-me a Vossa Senhoria.
(preposição)

Observações:
 1. Há três pronomes de tratamento que aceitam o artigo e, obviamente, a crase: senhora, senhorita e dona.
Dirijo-me à senhora.

2. Haverá crase antes dos pronomes que aceitarem o artigo, tais como: mesma, própria...
Eu me referi à mesma pessoa.

5) Com as expressões formadas de palavras repetidas.
Venceu de ponta a ponta.
                    (preposição)

Observação:
É fácil demonstrar que entre expressões desse tipo ocorre apenas a preposição:
Caminhavam passo a passo.
                        (preposição)

No caso, se ocorresse o artigo, deveria ser o artigo o e teríamos o seguinte: Caminhavam passo ao passo – o que não ocorre.

6) Antes dos nomes de cidade.
Cheguei a Curitiba.
      (preposição)

Observação:
Se o nome da cidade vier determinado por algum adjunto adnominal, ocorrerá a crase.
Cheguei à Curitiba dos pinheirais.
                          (adjunto adnominal)

7) Quando um a (sem o s de plural) vem antes de um nome plural.
Falei a pessoas estranhas.
 (preposição)

Observação:
Se o mesmo a vier seguido de s haverá crase.
Falei às pessoas estranhas.
(a + as = preposição + artigo)

Sempre ocorre crase:

1) Na indicação pontual do número de horas.
Às duas horas chegamos.
(a + as)

Para comprovar que, nesse caso, ocorre preposição + artigo, basta confrontar com uma expressão masculina correlata.
Ao meio-dia chegamos.
(a + o)

2) Com a expressão à moda de e à maneira de.
A crase ocorrerá obrigatoriamente mesmo que parte da expressão (moda de) venha implícita.
Escreve à (moda de) Alencar.

3) Nas expressões adverbiais femininas.
Expressões adverbiais femininas são aquelas que se referem a verbos, exprimindo circunstâncias de tempo, de lugar, de modo...
Chegaram à noite.
(expressão adverbial feminina de tempo)

Caminhava às pressas.
(expressão adverbial feminina de modo)

Ando à procura de meus livros.
(expressão adverbial feminina de fim)

Observações:
No caso das expressões adverbiais femininas, muitas vezes empregamos o acento indicatório de crase (`), sem que tenha havido a fusão de dois as. É que a tradição e o uso do idioma se impuseram de tal sorte que, ainda quando não haja razão suficiente, empregamos o acento de crase em tais ocasiões.

Uso facultativo da crase
Antes de nomes próprios de pessoas femininos e antes de pronomes possessivos femininos, pode ou não ocorrer a crase.
Ex.:      Falei à Maria.
      (preposição + artigo)

         Falei à sua classe.
      (preposição + artigo)

         Falei a Maria.
      (preposição sem artigo)

         Falei a sua classe.
      (preposição sem artigo)

Note que os nomes próprios de pessoa femininos e os pronomes possessivos femininos aceitam ou não o artigo antes de si. Por isso mesmo é que pode ocorrer a crase ou não.

Casos especiais:

1) Crase antes de casa.
A palavra casa, no sentido de lar, residência própria da pessoa, se não vier determinada por um adjunto adnominal não aceita o artigo, portanto não ocorre a crase.
Por outro lado, se vier determinada por um adjunto adnominal, aceita o artigo e ocorre a crase.
Ex.: Volte a casa cedo.
(preposição sem artigo)

Volte à casa dos seus pais.
(preposição sem artigo)
(adjunto adnominal)

2) Crase antes de terra.
A palavra terra, no sentido de chão firme, tomada em oposição a mar ou ar, se não vier determinada, não aceita o artigo e não ocorre a crase.
Ex.: Já chegaram a terra.
(preposição sem artigo)

Se, entretanto, vier determinada, aceita o artigo e ocorre a crase.
 Ex.: Já chegaram à terra dos antepassados.
(preposição + artigo)
(adjunto adnominal)

3) Crase antes dos pronomes relativos.
Antes dos pronomes relativos quem e cujo não ocorre crase.
 Ex.: Achei a pessoa a quem procuravas.
Compreendo a situação a cuja gravidade você se referiu.

Antes dos relativos qual ou quais ocorrerá crase se o masculino correspondente for ao qual, aos quais.
Ex.: Esta é a festa à qual me referi.
Este é o filme ao qual me referi.
Estas são as festas às quais me referi.
Estes são os filmes aos quais me referi.

4) Crase com os pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s), aquilo.
Sempre que o termo antecedente exigir a preposição a e vier seguido dos pronomes demonstrativos: aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo, haverá crase.
Ex.: Falei àquele amigo.
Dirijo-me àquela cidade.
Aspiro a isto e àquilo.
Fez referência àquelas situações.

5) Crase depois da preposição até.
Se a preposição até vier seguida de um nome feminino, poderá ou não ocorrer a crase. Isto porque essa preposição pode ser empregada sozinha (até) ou em locução com a preposição a (até a).
 Ex.: Chegou até à muralha.
(locução prepositiva = até a)
(artigo = a)

Chegou até a muralha.
(preposição sozinha = até)
(artigo = a)

6) Crase antes do que.
Em geral, não ocorre crase antes do que.
Ex.: Esta é a cena a que me referi.


Pode, entretanto, ocorrer antes do que uma crase da preposição a com o pronome demonstrativo a (equivalente a aquela).
Para empregar corretamente a crase antes do que convém pautar-se pelo seguinte artifício:
I.                   se, com antecedente masculino, ocorrer ao que / aos que, com o feminino ocorrerá crase;
Ex.:      Houve um palpite anterior ao que você deu.
                                      ( a + o )
         Houve uma sugestão anterior à que você deu.
                                      ( a + a )

II.                 se, com antecedente masculino, ocorrer a que, no feminino não ocorrerá crase.
Ex.:      Não gostei do filme a que você se referia.
              (ocorreu a que, não tem artigo)
         Não gostei da peça a que você se referia.
               (ocorreu a que, não tem artigo)

Observação:
O mesmo fenômeno de crase (preposição a + pronome demonstrativo a) que ocorre antes do que, pode ocorrer antes do de.
 Ex.: Meu palpite é igual ao de todos.
(a + o = preposição + pronome demonstrativo)

Minha opinião é igual à de todos.
(a + a = preposição + pronome demonstrativo)

 há / a
Nas expressões indicativas de tempo, é preciso não confundir a grafia do a (preposição) com a grafia do (verbo haver).
Para evitar enganos, basta lembrar que, nas referidas expressões:
a (preposição) indica tempo futuro (a ser transcorrido);
(verbo haver) indica tempo passado (já transcorrido).

Ex.: Daqui a pouco terminaremos a aula.
pouco recebi o seu recado.


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